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Igreja de Santo António, em Lisboa,
erguida sobre a casa onde segundo a
tradição nasceu o santo português. |
Santo António nasceu em Lisboa em data
incerta, entre 1191 e 1195 (aceita-se oficialmente a data de 15 de agosto de
1195), filho de Martim de Bulhões e Maria Teresa Taveira Azevedo, numa casa
próxima da Sé de Lisboa, às portas da cidade, no local, assim se pensa, onde
posteriormente se ergueu a igreja sob sua invocação. Também a forma de seu nome
de batismo é obscura, pode ter sido Fernando Martins ou Fernando de Bulhões.
Várias biografias escritas no século XV dizem que o pai era descendente do
celebrado Godofredo de Bulhões, comandante da I Cruzada, e que a mãe descendia
de Froila I, rei de Astúrias, mas embora fossem nobres e ricos, tal ascendência
nunca pôde ser comprovada.
Fez os primeiros estudos na Igreja de
Santa Maria Maior (hoje Sé de Lisboa), sob a direção dos cônegos da Ordem dos
Regrantes de Santo Agostinho. Como era a prática da ordem, deve ter recebido
instrução no currículo das artes liberais do trivium e do quadrivium, o que
certamente plasmou seu caráter intelectual. Ingressando ainda um adolescente
como noviço da mesma Ordem, no Mosteiro de São Vicente de Fora, iniciou os
estudos para sua formação religiosa. A biblioteca de São Vicente de Fora era
afamada pela sua rica coleção de manuscritos sobre as ciências naturais, em
especial a medicina, o que pode explicar as constantes referências científicas
em seus sermões.
Poucos anos depois pediu permissão para
ser transferido para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a fim de evitar
distrações profanas, já que era constantemente visitado por amigos e parentes,
e aperfeiçoar sua formação. Coimbra era na época o centro intelectual de
Portugal, e ali ele deve ter se envolvido profundamente no estudo das
Escrituras e nos textos dos Padres da Igreja. Nesta época entrou em contato com
os primeiros missionários franciscanos, chegados a Portugal em 1217, e que
estavam a caminho do Marrocos para evangelizar os mouros. Sua pregação do
Evangelho no espírito de simplicidade, idealismo e fraternidade franciscana, e
sua determinação missionária, devem ter tocado o sentimento de Fernando.
Entretanto, uma impressão ainda mais forte ocorreu quando os corpos desses
frades, mortos em sua missão, voltaram a Coimbra, onde foram honrados como
mártires. Autorizado a juntar-se a outros franciscanos que tinham um eremitério
nos Olivais, sob a invocação de Santo Antônio do Deserto, mudou seu nome para
Antônio e iniciou sua própria missão em busca do martírio.
Sua
missão
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Tumba e altar do santo na sua basílica de Pádua |
Por
essa altura, decidiu deslocar-se ele também ao Marrocos, mas lá chegando foi acometido
por grave doença, sendo persuadido a retornar. Fê-lo desalentado, já que não
havia proferido um único sermão, não convertera nenhum mouro, nem alcançara a
glória do martírio pela fé. No regresso, uma forte tempestade arrastou o barco
para as costas da Sicília, onde encontrou antigos companheiros. Ali se quedou
até a primavera de 1221, dirigindo-se com eles então para Assis a fim de
participarem do Capítulo da Ordem - o último que seria feito com a presença do
fundador. Em Assis encontrou-se com Francisco e os seus primeiros seguidores,
um evento de grande importância em sua carreira. Sendo designado para um
eremitério em Montepaolo, na província da Romagna, ali passou cerca de quinze
meses em intensas meditações e árduas disciplinas.
Pouco depois aconteceu uma ordenação
de frades em Forlì, quando deixou o isolamento e para lá se dirigiu. Até então
os franciscanos não sabiam de sua sólida formação, mas faltando o pregador para
a cerimônia, e não havendo nenhum frade preparado para tal, o provincial
solicitou a Antônio que falasse o que quer que o Espírito Santo o inspirasse.
Protestou, mas obedeceu, e dissertando para os franciscanos e dominicanos lá
reunidos de forma fluente e admirável, para a surpresa de todos, foi de
imediato destinado pelo provincial à evangelização e difusão da doutrina pela
Lombardia. Entretanto, a prática franciscana desencorajava o estudo erudito,
mas em novembro de 1223 o papa Honório III sancionou a forma final da Regra da
Ordem Franciscana, onde uma formação mais aprimorada se tornou autorizada,
desde que submissa ao trabalho manual, à prece e à vida espiritual. Recebendo a
aprovação para a tarefa pastoral do próprio Francisco, fixou-se então em
Bolonha, onde se dedicou ao ensino da teologia na universidade e à pregação.
Deslocando-se em seguida para a França, ensinou nas universidades de Toulouse e
Montpellier, passando também por Limoges.
Em 1226 assistiu ao Capítulo de Arles, e
em outubro do mesmo ano, após a morte de Francisco, seviu como enviado da Ordem
ao papa Gregório IX, para apresentar-lhe a Regra da Ordem. Em 1227 foi indicado
provincial da Romagna e passou os três anos seguintes pregando na região,
incluindo Pádua, para audiências cada vez maiores. Nesse período colocou por
escrito diversos sermões. Em 1230 solicitou ao papa dispensa de suas funções
como provincial para dedicar-se à pregação, reservando algum tempo para a
contemplação e prece no mosteiro que havia fundado em Pádua. Sempre trabalhando
pelos necessitados, envolveu-se também em questões políticas, a exemplo de sua
viagem a Verona para pedir a libertação de prisioneiros guelfos feitos pelo
tirano gibelino Ezzelino, e em 1231 persuadiu a municipalidade de Pádua a
elaborar uma lei que impedia a prisão por dívidas se houvesse a possibilidade de
compensação de outras formas.
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Santo António com o Menino
Jesus em pintura de Stephan Kessler |
Pouco depois da Páscoa de 1231 sentiu-se
mal, declarou-se hidropisia e ele deixou Pádua para dirigir-se ao eremitério de
Camposanpiero, nos arredores da cidade. Seus companheiros ergueram-lhe uma
cabana no alto de uma árvore, onde permaneceu alguns dias. Percebendo que a
morte estava próxima, pediu para ser levado de volta a Pádua, mas apenas tendo
alcançado o convento das clarissas de Arcella, ali faleceu, em 13 de junho de
1231. As clarissas reclamaram seu corpo, mas a multidão acabou sabendo de seu
passamento, tomou-o e o levou para ser sepultado na Igreja de Nossa Senhora em
Pádua. Sua fama de santidade era tamanha que foi canonizado logo no ano
seguinte, em 30 de maio, pelo papa Gregório IX. Os seus restos mortais repousam
desde 1263 na Basílica de Santo Antônio de Pádua, construída em sua memória
logo após sua canonização. Quando sua tumba foi aberta para iniciar o processo
de translado, sua língua foi encontrada incorrupta, e São Boaventura, presente
no ato, disse que o milagre era prova de que sua pregação era inspirada por
Deus. E incorrupta está até hoje, em exposição na Capela das Relíquias da
Basílica. Foi proclamado Doutor da Igreja pelo papa Pio XII em 16 de janeiro de
1946 e é comemorado no dia 13 de junho.
Texto Wikipédia